segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Querida Mãe,

Sei que estamos longe mas aqui vai ficar uma carta para ti.
Não sei bem o porque desta ideia de escrever para ti, mas procuro um alivio qualquer vindo disto e penso que realmente vá ajudar em alguma coisa, pois não consigo falar de ti com ninguém, não profundamente.
Quero lembrar-te que a vida é feita de altos e baixos, e não so de altos ou de baixos como é costume. Convinha talvez lembrar-te o que significa ter uma família e com isso lembrar-te o que é o amor.
Amor, amor não é suportar é dar suporte, é estar presente e dar o melhor de nós e já não vejo nada disso nesta família, o amor morreu na “nossa” casa.
Ao contrário do que pensas, é dificil para mim viver numa casa onde não há gestos de carinho, numa casa onde eu não posso abrir a boca para argumentar sobre nada, numa casa onde me sinto subestimada e sem valor, numa casa onde ninguém se vê, onde ninguém se fala e por isso fico agradecida por esta mudança e por finalmente ter a minha casa.
Os problemas entranham-se em cada um de nos e é triste olhar-vos nos olhos, não vejo nada é como se houvesse um certo vazio no vosso olhar, tu e o pai, quem diria que seria assim.
Talvez seja até mais dificil para mim no meio disto tudo e até nesses momentos sou acusada de não querer saber e de achar tudo uma diversão. Eu já não sou criança nenhuma e criança ou não eu não sou a causa de tudo isto e não sou eu que devo levar com os problemas e desabafos.
Escrevo para ti e não é por te ver como culpada de algo, digo desde ja que te admiro imenso e és uma pessoa incrível simplesmente tenho pena, pena de ver a minha mãe todos os dias desistir de mim, e até de si. E tudo isto gera uma raiva e ódio dentro de mim, que odeio simplesmente sentir porque te amo. Já ninguém luta nesta família e eu pergunto-me onde se meteu a força toda. Já ninguém faz nada para que fique tudo bem, nem um pouco e ignorar n resolve nada.
Desistis-te admite e voltas a desistir em cada copo que pegas e apercebes-te disso é impossível negares.
De pouco adianta eu escrever isto se nem te vou entregar, não adiante escrever, não adianta leres, não adianta nada porque já todos desistimos e a nossa “família” morreu e vai morrendo a cada dia em que simplesmente ignoramos. Vai morrendo não só a nossa família mas um pouco de cada um de nós, de pouco adianta porque também cansei de tentar ajudar, tentei a bem, tentei a mal e nada adiantou, sempre tive que suportar tudo sozinha, de nada adianta porque não tarda a nada vais-te encher de derrota num whiskey qualquer. 




assim me despeço, a tua filha.